Treinamento não é custo
 Dieter Kelber
 
 Ninguém duvida que pessoas bem-desenvolvidas fazem melhor o seu trabalho. O ambiente de 
negócios muda a todo instante e a competitividade só  aumenta. Para enfrentar esta situação 
é necessário  contar com profissionais preparados para criar novos processos, melhorar e 
otimizar  os existentes, criar novos produtos e serviços que se diferenciem dos concorrentes  
e motivem os clientes a fazer novos pedidos. 
 Não é possível uma empresa se desenvolver voltada para o  cliente se os seus processos que dão 
sustentação à  sua operação não forem adequados. É preciso ter o  mínimo de ferramentas e 
recursos para ser possível realizar o que  se pretende. Os processos precisam ser desburocratizados, 
de vanguarda, buscando  a excelência, acessíveis, colaborativos e ágeis. A arquitetura  
organizacional, as práticas e os procedimentos operacionais precisam ser moldados de forma a 
facilitar o trabalho, permitindo que o processo criativo esteja  totalmente voltado ao cliente.
 Todas as empresas de sucesso continuam investindo na preparação  de seus funcionários, 
pois este é reconhecidamente um grande diferencial  de competitividade. Treinamento não pode 
ser visto como custo, pois ele  na realidade é um investimento que dá excelente retorno quando 
bem feito e voltado para as pessoas corretas.
 A cultura de treinamento é um processo educativo que leva tempo. Por isso  as empresas precisam 
investir constantemente no desenvolvimento de suas lideranças para que as mesmas entendam da 
importância em promover o treinamento contínuo, tanto técnico quanto comportamental, mas 
especialmente voltado à  capacitação no entendimento dos processos de negócios. O  processo 
educacional deve sempre se renovar, conforme forem surgindo novidades  que agreguem valor ao 
cliente, e não deve se encerrar nunca.
 Percebe-se aqui o papel dos processos e de sua gestão. A gestão  por processos é um modelo que 
parte do valor atribuído pelo cliente  final ao produto ou serviço que deseja receber. 
Toda a cadeia de valor  e os processos são desenhados ou redesenhados para que isso aconteça.  
As grandes atividades (macro processos) são então classificadas  pelo seu valor agregado, de 
modo a orientar como serão executadas e geridas.
 A essência da gestão por processos se encontra na afirmação  de que tudo o que vier a ser feito 
tem de ser orientado pela satisfação  do cliente (interno ou externo). Isto leva de imediato ao 
questionamento das estruturas  tradicionais, que privilegiam os objetivos definidos por área 
funcional  (visão vertical) e concedem menor ou nenhuma importância ao conjunto de atividades 
realizadas pelas áreas (visão horizontal) que, no final das contas, gera o produto ou serviço 
que o cliente recebe.
 Por este motivo, quando se fala de gestão por processos trata-se de um conceito maior, o 
sistema de gestão que irá definir como iremos  fazer para atender o cliente. E isto envolve 
modelo de negócio, estratégia,  processos, organização, pessoas e tecnologia. Por fim, 
constitui-se  na principal diretriz para o desenvolvimento da operação empresarial. Fica 
evidente a necessidade de todos entenderem essa nova forma de gestão  e a da necessidade de seu 
aprendizado.
 Um outro aspecto que as organizações devem pensar, e os seus lidestores transformarem em ação, 
refere-se às inovações  nas formas de se lidar com a educação de adultos. A inovação  consiste 
em grande parte em saber fazer com que as pessoas evoluam frente a desafios reais através de 
formas diversificadas de aprendizagem. O uso de perguntas,  metáforas, raciocínio analógico, 
intuição, imaginação são essenciais para mobilizar pessoas na superação  de obstáculos e geração 
e algo novo, diferente e impactante.  Será essa abordagem conhecida pelos gestores, líderes 
e profissionais responsáveis pelas áreas de treinamento nas empresas? 
 
Dieter Kelber é diretor-executivo, consultor e pesquisador do Instituto Avançado de 
Desenvolvimento Intelectual e de sua Business Process School - dieter.kelber@insadi.org.br