Liderança, obviedade e simplicidade
José Augusto Neves, consultor sênior do Instituto MVC,
Certificado pelo PMI (USA) - imprensa@institutomvc.com.br
Nos últimos anos muito se ouviu falar de modelos, novas formas de liderança,
e exemplos de Grandes Líderes, mas o que temos visto é o pensamento
e a prática de modelos só do século passado. Mesmo com todas
essas informações encontramos nos dias de hoje organizações
onde ainda são utilizados modelos baseados nas leis de causa e efeito e
nas proposições de dividir em partes para entender o todo.
A ciência moderna trata os fatos como se fossem mais uma rede de relacionamentos
do que apenas fenômenos isolados. O último acontecimento de uma infecção
numa pequena cidade do México pode criar uma crise de saúde mundial.
A organização ainda é a mesma da hierarquia do exercito prussiano
ou da Igreja, em forma de pirâmide, totalmente hierarquizada, com pessoas
alocadas em "caixinhas", fragmentadas por especialidades e que, muitas
vezes, uma não sabe o que a outra faz (quando não competem ou sonegam
informação entre elas). Se não tiver um líder para
dizer o que fazer será o caos, nada acontecerá.
Com base no que mencionamos anteriormente, é importante considerar alguns
pressupostos que balizam o comportamento de algumas lideranças:
" Acreditam que as pessoas querem e precisam ser controladas. Precisam de
um líder que decida o que elas devem fazer (e realmente muitos agem assim).
Acreditam que as coisas só acontecerão se tiver uma liderança
forte para dar foco e direção, que desenham as organizações,
que dizem quais as funções que as pessoas devem exercer e que precisam
ser supervionadas (até mesmo controlando o ponto!). Caso contrário
nada se produz.
" Para obter a adesão delas aos nossos planos é preciso recompensá-las,
pois só atuam se receberem prêmios. E prêmios em dinheiro que
é a única coisa que as motiva.
" Outra "certeza" é que se dermos liberdade aos colaboradores
eles não usarão em favor da organização e sim para
fazer nada.
" Não entendem porque não se comprometem com a organização,
não vestem a camisa nem dão o sangue por ela, e alguém pagar
um pouco mais nos deixa sem consideração alguma.
Apesar de muitas organizações ainda acreditarem nestas "verdades",
muitas outras organizações estão percebendo mudanças
nos comportamentos e utilizando nova forma de ação, obtendo melhores
e mais duradouros resultados, maior participação de seus colaboradores
e maior retenção de talentos humanos.
" Percebem que se as pessoas se orgulham do que fazem e se tiverem acesso
livre às informações e liberdade para criar, vão surpreender
com resultados excepcionais. Ninguém gosta de fazer alguma coisa mal feita,
ninguém erra por gosto.
" A maior recompensa para estas pessoas elas é serem reconhecidas
pelas suas lideranças e poderem participar das decisões.
" Elas têm a tendência natural de se auto-organizarem em torno
de uma identidade, de um significado maior que não seja apenas enriquecer
rapidamente.
" Elas se agregam em torno de valores que foram desenvolvidas de forma participativa
e não valores retirados de programas acadêmicos de um recente de
mestrado em motivação. A maioria se organiza para trazer melhorias
para o mundo.
" Estas organizações praticam o exercício da descentralização
da autoridade sem perder autoridade.
Surpresa! Elas existem é qual é o segredo delas? Uma seqüência
simples de ações que motiva seus colaboradores e leva a obtenção
de resultados incomuns trabalhando com pessoas comuns.
AÇÕES
Propósito
O ponto de partida é definir para que ela existe, qual é o propósito
dela. As pessoas buscam sentido para suas vidas. As organizações
também, já que são formadas por pessoas e não somente
por máquinas e edificações. Conectar com um propósito
comum acessa uma enorme reserva de criatividade, de energia, de comprometimento,
que leva a uma contribuição espontânea. Pensam: como o mundo
será melhor por nós trabalharmos juntos?
Princípios
Uma organização transformadora define seus princípios, seus
valores fundamentais, valores que presidem suas decisões e seus relacionamentos,
internos e externos. O que não abrimos mão para manter nossa dignidade
e respeito.
Colaboradores
Ela permite aos seus acessos a todas as áreas da organização,
aos recursos necessários, e às informações que circulam
livremente. Trata informação como alimento que nutre a todos e não
como dinheiro que estocamos em nossa área. Não se fragmentam em
"caixinhas", mantém uma unidade de propósito sabendo cada
um qual sua contribuição para o todo maior.
Aprendizado
Estimulam seus colaboradores para ousarem nas suas atividades sem medo de errar
e quando acontece um erro, normalmente por nunca terem se defrontado com situação
semelhante, tratam como aprendizado e divulgam a informação para
que a situação não se repita.
Ações práticas
As práticas emergem das ações onde, tendo os princípios
definidos e sabendo O QUE fazer, cada um sabe com sua experiência sabe COMO
fazer. Um operador de campo numa refinaria sabendo do principio de considerar
"a vida em primeiro lugar" não hesitará em fechar uma
válvula com problemas, sem precisar pedir "autorização"
ao supervisor, que pedirá ao gerente, etc.
Governança
Com este espírito a governança é feita de forma natural.
As pessoas ocupam cargo na hierarquia não por importância, mas por
habilidade de tratar com coisas mais complexas e saber tomar decisões,
mesmo com pouca informação.
Você que quer ter RESULTADOS crescentes e duradouros, trabalhando com pessoas
comuns e obter resultados incomuns? Você está se preparando para
este novo mundo? Lembre-se sempre de que o conhecimento pouco vale se não
for "digerido" e, realmente, transformado em ações concretas.